sábado, 31 de julho de 2010

Projeto Estaleiro Escola consolida a revitalização de embarcações

Embarcação no municipío de Guimarães/MA ( Foto: Edmilson Pinheiro)

A preservação de um dos mais tradicionais saberes populares do Maranhão, a construção de barcos artesanais de madeira, ameaçada de desaparecer, está sendo revitalizada com o funcionamento do Centro Vocacional e Tecnológico (CVT) Estaleiro Escola. O CVT Estaleiro Escola é vinculado à Universidade Virtual do Maranhão (Univima), setor da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e Desenvolvimento Tecnológico (Sectec).


A sede do Estaleiro Escola está instalada no Sítio Tamancão, às margens do rio Bacanga, no lado oposto ao Centro Histórico de São Luís, na área Itaqui-Bacanga. É um conjunto de prédios que formaram, no século XIX, uma indústria de beneficiamento de arroz para exportação que utilizava um singular sistema de aproveitamento do movimento das marés como forma de energia mecânica através de um engenhoso moinho de marés.
Para o secretário de Ciência e Tecnologia, Lauro Andrade Assunção, a iniciativa tem total apoio do Governo do Estado pelo seu caráter de ineditismo. “É um trabalho de abrangência educativa, social, histórica, econômico e, sobretudo, cultural”, afirmou o secretário.
Em junho de 2009, o Ministério da Cultura indicou o CVT Estaleiro Escola para a lista das 10 melhores práticas de preservação e salvaguarda de conhecimentos tradicionais do Brasil junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Ao final de julho, o Estaleiro Escola entregou, totalmente restaurada, a Dinamar, uma típica embarcação maranhense, do tipo canoa costeira. Depois de muita luta, o trabalho conduzido por mestres em carpintaria naval e profissionais, como o engenheiro civil Luiz Phelipe Andrès, se transformou em uma realidade.
Por isso mesmo, a solenidade de entrega da canoa costeira Dinamar ao seu proprietário, Martinho Alves, neto de marinheiro, no fim de julho, no Sítio Tamancão, foi um marco importante na trajetória do Estaleiro Escola, na opinião de Phelipe Andrès. Foram seis meses de trabalho, envolvendo diversos técnicos e tendo à frente o mestre carpinteiro naval Otávionilson Nogueira.
Curso - No Estaleiro, funciona o Curso Técnico de Nível Médio em Construção de Embarcações Artesanais Maranhenses por meio de convênio firmado em 2007 entre o Governo do Estado e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).
Conta também com biblioteca especializada e auditório equipado para vídeo conferências em tempo real. Painéis pedagógicos foram instalados ao lado de modelos navais tridimensionais para auxiliar na formação dos profissionais.
Por meio do curso, espera-se a divulgação da profissão de Técnico em Construção de Embarcações Artesanais Maranhenses. A meta é colocar no mercado de trabalho um profissional que garantirá a perpetuação da técnica, a geração de novos empregos e melhoria de renda para todos os profissionais envolvidos nas etapas de construção naval artesanal maranhense e o incentivo à criação de estaleiros-escola em outras regiões.
O curso começou com 120 alunos e dois professores, e se tornou logo uma atividade permanente da escola, pois novas turmas se revezarão a cada período.
Além da formação de profissionais da arte de construir embarcações de madeira, os resultados subsidiam aos demais projetos que visam à recuperação e intensificação das atividades de pesca e indústria naval.
Experiência de vida
Otávionilson Nogueira, 28 anos, é um dos mestres em construção artesanal que trabalham no Estaleiro Escola. Ele começou a aprender o ofício aos 9 anos, como ajudante em uma carpintaria naval no município de Cururupu, no litoral oeste do Maranhão.

A trajetória de Otávionilson Nogueira foi um pouco diferenciada na forma de transmissão de conhecimento, realizada de pai para filho. No caso dele, aprendeu quando foi morar com uma família de quatro irmãos carpinteiros, e um deles passou a ser seu pai de criação.


“Eles eram amigos de minha família”, contou. Para ele, o Estaleiro Escola é uma excelente iniciativa. “Muita boa para os carpinteiros, pois a gente estava um pouco esquecido e achamos que esse é caminho certo. Agora, está mais fácil valorizar a profissão”, comemorou Nogueira.
 
Por: O Esatdo do MA
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