segunda-feira, 2 de julho de 2012

SISTEMA LACUSTRE PINDARÉ-MEARIM: uma abordagem conceitual




                                                                              
  José Raimundo Campelo Franco[2]


RESUMO


                        O trabalho em tela propõe um estudo sobre os mecanismos funcionais do conjunto lacustre interativo ao conjunto fluvial dos rios Pindaré e Mearim, no qual é enfocado o funcionamento e os elementos dinâmicos e estruturais do ambiente, pondo-se em relevo os fatores de ordem hidroclimáticos responsáveis pelos movimentos de inundação e o componente humano na sua busca da satisfação de suas necessidades. A importância dessa investigação está na construção de novos conhecimentos e informações que poderão subsidiar o planejamento ambiental e urbano, fortalecer o aporte didático dos conteúdos da geografia do Maranhão e nortear novas pesquisas no âmbito da Baixada Maranhense. Os processos metodológicos foram utilizados à base de interpretação e processamento de imagens de satélites em SIG, técnicas de análise do Conhecimento Tradicional Ecológico e das teorias geográficas que regulam as relações entre a sociedade e a natureza. A partir do arcabouço teórico, foi formulado o modelo conceitual principal que corroboram para à compreensão dos ambientes lacustres que formam o Sistema Lacustre Pindaré-Mearim – SLPM como um todo. Outras bases conceituais foram criadas, adaptadas ou redimensionadas a partir de considerações clássicas ou de novas concepções da geografia contemporânea em sua visão unitária que analisa os fenômenos físicos vinculados às sociedades humanas. Desta forma o Conhecimento Tradicional Ecológico e o trabalho técnico de processamento e interpretação de imagens de satélites foram instrumentos definitivos na sistematização dos modelos conceituais e na tradução da dinâmica sistêmica. A área de estudo se mostrou rica em sua biodiversidade, diversificada em suas paisagens e ampla em seus recursos naturais, principalmente os hídricos, porém, mostrou-se carente de iniciativas políticas que revejam os efeitos das interferências ambientais deletérias aos sistemas lacustres e os conflitos sociais decorrentes.

Palavras-chave: Lagos. Conhecimento Ecológico Tradicional. Sistemas. Geografia do Maranhão.
  
 SISTEMA LACUSTRE PINDARÉ-MEARIM[1]: uma abordagem conceitual


1  INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das populações humanas está relacionado com a utilização de recursos naturais, tendo-se a água doce como um desses principais recursos. O acelerado crescimento populacional tem submetido os recursos hídricos e seus sistemas ambientais associados a uma utilização cada vez mais intensiva. Outro fator que tem contribuído para a pressão sobre os recursos hídricos é o crescimento tecnológico que trouxe implicações na expansão dos setores produtivos, a criação de novas necessidades e na vertiginosa expansão urbana.
No Brasil as águas doces vêm sendo comprometidas pela perda da qualidade e da quantidade de água disponível para captação e tratamento. Somam-se a este descaso a contaminação por metais pesados, agrotóxicos, despejos domésticos e industriais. No Maranhão a modificação da estrutura natural dos solos e das florestas tem ocasionado alterações profundas na diversificada rede hidrográfica.
A Baixada Maranhense que se apresenta como uma área úmida com semelhanças comuns aos ecossistemas do Pantanal Matogrossense e da Região Amazônica, vem sofrendo com as alterações antrópicas promovidas ao longo dos recursos naturais.
Considera-se a Baixada Maranhense uma região úmida que, por meios de uma série de fatores naturais, apresenta-se sobre um terreno relativamente rebaixado e exposto à ação direta das inundações periódicas de uma rica e diversificada rede fluvial, que, ao longo de seus processos dinâmicos estendidos em ciclos anuais, promove uma extraordinária combinação de ambientes e paisagens. 
                        Sua área de localização que se expressa como uma extensa depressão estacionária das águas fluviais, sua gênese geológica originada de perturbações tectônicas do Quaternário e a sua topografia mais ou menos plana e de poucos contrastes, são os principais condicionantes físicos que denotam as fascinantes paisagens naturais da Baixada.  Conta-se ainda com a combinação de um aglomerado hídrico mesclado de lagos, rios, enseadas, campos inundáveis e regiões estuarinas e de um conjunto geoespacial formado por terras firmes onde se destacam acidentes geográficos distintos, como ilhas, penínsulas, pontas, estreitos e pequenos morros.                      
O trabalho em tela busca analisar aspectos funcionais da região de lagos paralela à margem esquerda dos rios Pindaré e Mearim a partir das condições estruturais do ambiente e da relação socioambiental de produção do espaço geográfico. Para isso, são feitos mapeamentos da rede hidrográfica lacustre em suas delimitações e seus componentes de drenagem, elaborações de modelos sazonais que explicam o funcionamento da região dos lagos em relação à região da Baixada Maranhense, ao Golfão Maranhense e a outros sistemas associados.
Este estudo vem contribuir com a Geografia do Maranhão quando propõe uma base conceitual e sistêmica para essa região de lagos que se compõe de elementos complexos e até o momento se faz bastante carente de estudos científicos. Outra contribuição relevante deste trabalho é o caráter preventivo que suscita, mediante a possibilidade de informar as sociedades da Baixada Maranhense e a comunidade científica da composição e especificidade dos ambientes hídricos em estudo e dos principais problemas ambientais deflagrados.
Finalmente, adicionam-se novos e atualizados conhecimentos aos instrumentos políticos de gestão administrativa, ao aporte didático dos programas e conteúdos do ensino de geografia local e regional e também aos levantamentos científicos relacionados com a realidade da Baixada Maranhense, que servem como base de estudo à comunidade acadêmica ascendente na região. Assim, esta nova abordagem poderá nortear novos estudos e novos elementos de debate, para que assim, estes ecossistemas estudados sejam melhor entendidos.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Ao longo da pesquisa foram realizadas 14 viagens para trabalho de campo em 06 municípios de abrangência do SLPM, sendo estes: Viana, Penalva, Cajari, Matinha, Olinda Nova do Maranhão e São João Batista, tento-se totalizado 41 dias de efetivo trabalho de campo durante os anos de 2007 e 2008.
Para o geógrafo, o uso de modelos é um instrumento de trabalho que deve ser utilizado na análise dos sistemas das organizações espaciais. A construção de modelos pode ser considerada como estruturação seqüencial de idéias relacionadas com o funcionamento sistêmico. O modelo permite estruturar o funcionamento do sistema, a fim de torná-lo compreensível e expressar as relações entre os seus diversos componentes. (CHRISTOFOLETTI, 1985).
As abordagens direcionadas a partir da geografia ambiental terão um direcionamento para a visão geossistêmica, quando será explicado o modelo funcional de inundação da região dos lagos do município de Viana e dos sistemas ambientais interativos. “A abordagem sistêmica serve ao geógrafo como instrumento conceitual que lhe facilita tratar dos conjuntos complexos, como os da organização espacial, (...) além de propiciar oportunidade para considerações críticas de muitos dos seus conceitos” (CHRISTOFOLETTI, 1985).
                        Outra vertente de interpretação a ser considerada são as concepções da ecologia humana, correspondente ao estudo das populações humanas sob a ótica da ecologia (BEGOSSI, HANAZAKI & SILVANO, 2002). Tal abordagem tem sido bastante utilizada pela ciência geográfica, conforme apontam BEGOSSI (1993) e KORMONDY & BROWN (2202) apud SOUZA (2004).
                        Dentro desta perspectiva, o modelo de elucidação dos ciclos de inundação do sistema lacustre estudado foi sistematizado a partir de duas linhas de análise: o trabalho de interpretação de imagens de satélites e levantamentos etnoecologicos, que teve por base a compilação do conhecimento popular auferido das comunidades tradicionais que têm seus modelos de subsistência regulados a partir do dinamismo das águas dos ambientes lacustres.
                        Tal conhecimento é denominado por muitos pesquisadores como etnoconhecimento. Para MIRANDA (2007) o etnoconhecimento é produzido por diferentes etnias em diferente locais no globo terrestre a partir do saber popular. É conhecido também como “Conhecimento Ecológico Tradicional-CET”, o qual BERKES (1993) apud BARENHO & MACHADO (2005) define como corpo cumulativo de conhecimentos e crenças, desenvolvido por gerações e transmitido culturalmente, a respeito das relações dos seres vivos (incluindo humanos) entre si e com seu ambiente.
                        A partir do arcabouço teórico definido, utilizaram-se as seguintes técnicas:
a) Trabalho de gabinete: revisão bibliográfica; levantamento cartográfico preliminar; interpretação e geoprocessamento de imagens satélites das bacias de drenagem; construção de mapas hidrográficos; tabulação, interpretação, conexão e dissertação de dados coletados em trabalhos de campo e dos levantamentos etnoecológicos.
b) Coleta de dados em trabalhos de campo: observação direta; aplicação de planilhas ao homem do campo, ao trabalhador agrícola que vive nas cidades e aos pescadores urbanos; conferência de imagens satélites interpretadas.
O principal instrumento de coleta utilizado junto às comunidades tradicionais, foi a Planilha de Análise da Inundação - PAI (Apêndice 01), formulário que levantou informações sobre o comportamento dinâmico dos ambientes inundáveis, o qual resume dados sobre: informante; localização regional, influência costeira e frentes de inundação. O formulário foi aplicado a trabalhadores rurais e urbanos que se mostram detentores de conhecimentos tradicionais, reconhecidos segundo critérios determinados na pesquisa.
                        Em cada lugar visitado, foi definido um subconjunto ou cluster de pessoas com melhor qualificação possível para fornecer as informações, levando-se em conta o preenchimento de três pré-requisitos básicos:
i) Conviver diretamente com a realidade das áreas inundáveis de sua localidade;
     ii) Declarar-se conhecedor dos processos dinâmicos das águas, ao ser questionado sobre tal.
           iii) Experiência mínima de 20 anos com vivências da realidade das áreas inundáveis onde habita;
                        Foram utilizados outros instrumentos técnicos como GPS, laptop, registro fotográfico e blocos de anotações para registro de informações adicionais sobre os ambientes.
            O modelo numérico de terreno foi produzido a partir de dados SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) disponíveis em MIRANDA (2005), onde foram utilizados os seguintes procedimentos:
i) Cobertura da área de estudo por duas grades retangulares compostas de dados numéricos;
ii) Uso de dados SRTM em formato geotiff e resolução espacial de noventa metros. Foram utilizadas três cartas topográfica DSG de 1:100.000, referentes as folhas SA.23-Y-B-VI MI 547 (Pinheiro), SA.23-Y-D-III MI 608 (Penalva), SA.23-Z-C-I MI 609 (Arari);
iii) Geração das curvas de níveis com cotas altimétricas eqüidistantes 10 metros;
iv) Refinamento com eliminação de eventuais fragmentos de linhas, ilhas diminutas, cruzamentos de linhas inadequados e junção de linhas de mesma cota geradas em grades distintas.
            Na construção do modelo de inundação foi construído um croqui com o uso dos programas da Microsoft Oficce Imaging e da Google Earth Versão 4.3 e Posterior, os quais foram utilizados:
a) Cartas DSG de 1:100.0000 anteriormente citadas;
b) Imagens de satélites Ladsat: TM5 bandas 345, projeção UTM/SAD 69, out-1995, dez-2004. 
c) Mapas Municipais Estatísticos, Malha Territorial 2007: Penalva-MA Geocódigo 2108306, Viana-MA Geocódigo 2112803, Olinda Nova do Maranhão-MA Geocódigo 2107456, Monção-MA Geocódigo 2106904, São João Batista Geocódigo 2111003
                        Nos trabalhos de interpretação de documentos cartográficos, foram reconhecidos elementos geográficos que se destacam na paisagem, (lagos, penínsulas, rios emissários, enseadas e outras formas geográficas) o que forneceu elementos para a elaboração do primeiro modelo de inundação. O modelo de inundação se aperfeiçoou à medida que os trabalhos de etnoconhecimento se expandiram ao longo do sistema lacustre.
            Não foi possível estabelecer uma amostragem probabilística de acordo com os universos de cada realidade visitada. Os informantes foram selecionados segundo os critérios estabelecidos anteriormente, tornando-se, portanto, impossível mensurar o cluster de cada região visitada. Optou-se portanto, pela amostragem não-probabilística intencional, onde o pesquisador está interessado na opinião de determinados elementos da população, mas não nos representativos dela.  (MARCONI e LAKATOS 1999).
                        A realidade da pesquisa focalizou o prestígio social que cada informante tem de “serem conhecedores do ambiente” em suas regiões inundáveis. Desta forma, foram selecionados 80 indivíduos em 10 regiões distintas. Para cada ambiente hídrico visitado, selecionaram-se entre 06 a 10 informantes, cujas variações se deram de acordo com a complexidade que cada ambiente se mostrava.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES: O SISTEMA LACUSTRE PINDARÉ-MEARIM 

      O SLPM é um extenso lago de água doce intermitente que no período chuvoso se configura em uma seqüência de compartimentos assimétricos em forma de reentrâncias que se justapõe ao longo das marginais dos rios Pindaré e Mearim (Figura 01), se destacando como o mais amplo conjunto de lagos da Baixada Maranhense, conforme imagem de satélite Landsat banda 345 de 2004. Durante a estiagem os fatores climáticos criam mecanismos de desagregação formando pequenos lagos e lagoas independentes ou interligadas a outros lagos por pequenos rios emissários. 

FIGURA 1 - Configuração do SLPM no período dos campos em inundação
Fonte: Dados da Pesquisa (2008).

                        Foram cartografados 24 lagos que compõem o SLPM a partir das cartas DSG 1:100.000 (Figura 2 e Tabela 1). A pesquisa registrou a existência de 32 lagos conhecidos pelo CET local em todo o SLPM, existindo mais lagos que são mais conhecidos nas localidades ribeirinhas.  Esses lagos não foram cartografados por não serem visíveis nos documento cartográficos em função do dinamismo dos ciclos sazonais das águas, já que alguns secam logo no período da inundação em declínio, e antes disso estão agregados aos lagos maiores. Maioria destes lagos está localizado nas reentrâncias de Belém e Coqueiro, os quais somaram mais oito lagos além dos cartografados, sendo estes: lago do Forjo, Itaparica, Novo, Da Mata, Furo da Mata, Romana, Maravilha, e Cazumba.
      Em decorrência do uso diversificado de modelos conceituais neste trabalho, torna-se importante advertir que a nomenclatura “reentrância lacustre” é utilizada no sentido de gênese dos lagos, conforme aponta AB SABER (2002) e SUDENE/UFPE (1989) apud MARANHÃO (1991). Isto pelo motivo de suas conchas assumirem tal forma, logo a utilização deste termo será de caráter geomorfológico, conforme assinala HUTCHINSON (1957) apud WETZEL (1993). Por outro lado, quando se aborda a terminologia sistema lacustre, refere-se ao simples caráter coletivo dos lagos, ou seja, de um conjunto de lagos que independem de sua disposição em reentrâncias, podendo este abranger nenhuma, parte de uma, ou ainda uma ou mais reentrâncias.
 
Outros elementos que se destacam nas paisagens do SLPM referem-se ao conjunto de terras firmes que compõem os conjuntos das bacias hidrográficas e servem como suporte diante do funcionamento integral dos elementos hídricos, que são as penínsulas de terra firme. É perceptível no SLPM (Figura 01) que os conjuntos dos lagos formados pelas reentrâncias acomodam-se em justaposição com vastas áreas de terra firme que se sobressaem em sentido contíguo às margens das reentrâncias, assumindo a forma de penínsulas no período chuvoso, configurando-se em uma combinação de cinco reentrâncias alternadas por cinco penínsulas de terras-firmes.


FIGURA 2 - Configuração do SLPM no período de inundação em declínio
                     Fonte: Dados da Pesquisa (2008).

           TABELA 1 – Características dos lagos que compõem o SLPM.
Lago
Reentrância (s)
Município (s)
Península (s)
Extensão (km²)
Cajari
Cajari
Penalva, Cajari
Penalva
23,7
Capivari
Cajari
Penalva,
Penalva
3,2
Lontra
Cajari
Penalva,
-
0,61
Laguinho Cajari*
Pl Inundação
Penalva, Cajari
Pl Inundação
20,5
Apuí
Cajari
Penalva, Cajari
Pl Inundação
30,3
Viana
Viana
Viana, Penalva
Viana
51,1
Maracassumé
Viana
Viana, Penalva
Viana;  Penalva
19,7
Maracu
Viana
Viana, Cajari
Viana
13,9
Aquari
Aquiri
Viana
Viana; Matinha
6,3
Aquiri
Aquiri
Viana
Viana; Matinha
19.7
Jacaré
Pl Inundação
Viana
Pl Inundação
1,2
Laguinho Gitiba*
Pl Inundação
Viana
Pl Inundação
1,1
Gitiba
Pl Inundação
Viana, Matinha
Pl Inundação
0,27
Itas
Pl Inundação
Viana, Matinha
Matinha
2,6
Galego
Belem
Matinha
Matinha
1,5
Belém
Belem
Matinha, Olinda N. Maranhão
Olinda N. Maranhão
5,1
Laguinho Belém*
Belem
Matinha, Olinda N. Maranhão
Olinda N. Maranhão
0,75
Silveira
Belem
Matinha, Olinda N. Maranhão
Olinda N. Maranhão
0,74
Coqueiro
Coqueiro
Matinha, Olinda N. Maranhão
Olinda N. Maranhão
3,4
Gameleira
Coqueiro
S.J.Batista
Olinda N. Maranhão
0,27
Genipapo
Coqueiro
S.J.Batista
Olinda N. Maranhão
0,30
Nova Yoque
Coqueiro
S.J.Batista
Olinda N. Maranhão, S.J.Batista
0,72
Filadélfia
Coqueiro
S.J.Batista
Olinda N. Maranhão, S.J.Batista
0,30
Uba
Coqueiro
S.J.Batista
Olinda N. Maranhão, S.J.Batista
2,1
Total da área do SLPM
215,66
            * Corpo lacustre conhecido em sua região simplesmente pela denominação de “Laguinho”. Para diferenciá-los na área de estudo, adicionou-se o nome do
                  lago referência mais próximo de cada lago.         
            Fonte: Dados da Pesquisa (2008).


                        LOPES (1970) ressalta que algumas nomenclaturas marítimas usadas para formas geomorfológicas como ilhas, pontas, enseadas dos campos da Baixada, correspondem não só às aparências da paisagem, como também a origem da Terra, concluindo que essas formas indicam a sobrevivência de antigo litoral Terciário e Pleistoceno semelhante ao atual, devido à analogia das condições de erosão.
                        Por outro lado CARVALHO (1958) mostra-se perceptível à ocorrência desse estirão de terras-firmes no município de Viana, quando enfatiza:
“Mas penetrando-lhe os flancos, abrindo enseadas e furos, avança até muito dentro do território do município, ao nascente pelo lago do Aquiri e igarapé do Pirai e ao poente pela grande enseada do Piraqueú, prolongando ao lago Maracassumé, formando assim uma grande península de terra firme, em cujo extremo meridional está edificada a cidade (...)”.

                        Os sistemas hídricos adjacentes ao SLPM são os dois grandes rios caudalosos genuinamente maranhenses, o Pindaré e o Mearim e o Golfão Maranhense, conforme figura 3:

 FIGURA 3 - Croqui da configuração dos sistemas associados ao SLPM.
Fonte: Adaptado de Google Earth Versão 4.3 e Posterior (2008).

Para efeito de referenciar geograficamente o SLPM, foram consideradas três zonas lacustres proximais ao conjunto fluvial adjacente seguindo-se o sentido nascente-foz, conforme a figuras 4:
a) zona pré-confluência do Pindaré-Mearim;
b) zona confluência Pindaré-Mearim;
c) zona pós-confluência Pindaré-Mearim.

FIGURA 4 - O SLPM em suas zonas proximais ao conjunto fluvial Pindaré-Mearim
Fonte: Dados da Pesquisa (2008).

      A área de abrangência destas reentrâncias se mostra extensa e complexa, principalmente pelo fato de alguns lagos de dimensões relativamente grandes, como é o caso dos lagos  de Viana, Cajari, Coqueiro e Belém serem bastante recortados em sua totalidade e se expandem por mais de um município.
       As reentrâncias possuem um elemento em comum ao longo de suas planícies de inundação (CRISTOFOTETTI, 1980) mais próximas aos rios caudalosos: os igarapés que funcionam como rios emissários de um lago para outro ou mesmo de um lago para um rio caudaloso. Boa parte destes igarapés tem regimes temporários, alguns podendo ser vistos somente no período dos campos em inundação ou no período de inundação em declínio.
                        Para cada agrupamento lacustre em reentrância atribuiu-se a partir dos trabalhos de campo, uma denominação de acordo com o “lago referência” mais cogitado pelo CET local. Assim, ficaram denominados os cinco sistemas lacustres em reentrâncias, cada um formando uma bacia de drenagem em seu conjunto hídrico e suas terras firmes (Figura 4).
                       
FIGURA 5 - Bacias de drenagem das reentrâncias lacustres do SLPM.
Fonte: Dados da Pesquisa (2008).

            As áreas das bacias de drenagens do SLPM (Tabela 2) possuem as seguintes extensões territoriais:
TABELA 2 - Extensão territorial das bacias hidrográficas do SLPM.
Bacias
Área (km²)
Cajari
283,1
Viana
255,2
Aquiri
162,9
Belém
192,2
Coqueiro
175,3
Área total
1.068,7

Fonte: Dados da Pesquisa (2008).    
                        As bacias estão assim dispostas com relação ao conjunto dos rios caudalosos, responsáveis pela dinâmica de inundação:
a) Reentrância do Lago Cajari (zona pré-confluência do Pindaré);
b) Reentrância do Lago de Viana (zona pré-confluência do Pindaré, zona confluente do Pindaré-Mearim);
c) Reentrância do Lago Aquiri (zona confluência do Pindaré-Mearim, zona confluente do Pindaré-Mearim e zona pós-confluência do Pindaré-Mearim);
d) Reentrância do Lago Belém (zona pós-confluência Pindaré-Mearim);
e) Reentrância do Lago Coqueiro (zona pós-confluência Pindaré-Mearim).
            Para determinação do regime de inundação do SLPM, houve a necessidade de se fazer observação direta em pontos diversificados do SLPM e os rios Maracu, e Pindaré, tendo-se escolhido dez pontos distintos.
                        Utilizou-se o termo “pulso de inundação” para designar o movimento das águas diante das enchentes provocadas por rios ou transbordamento de lagos. Pulso de inundação é definido por RESENDE (2005) como o movimento de entrada e saída das águas, sendo um processo ecológico essencial e fator chave que comanda a riqueza e a abundância da vida nos ambientes inundáveis.  VAZZOLER; AGOSTNHO & HAHN (1997) consideram como simples alterações nos níveis hidrométricos dos corpos inundáveis.
                               Utilizaram-se também os conceitos de “relevo de montante” e “relevo de jusante”, onde GUERRA & GUERRA (1993) considera que montante é aquele lugar situado acima de outro, tomando-se em consideração a corrente fluvial que passa na região, relevo de montante, por conseguinte “é aquele que está mais próximo das cabeceiras de um curso de água”, que neste contexto se considera o lago Cajari como montante principal.
                        Em efeitos contrários o mesmo autor considera que relevo de jusante, “é uma área abaixo de outra ao se considerar a corrente fluvial pela qual é banhada, enquanto que relevo de jusante é usado na descrição de uma região que está numa posição mais baixa em relação ao ponto considerado, que na contextualização deste trabalho consideram-se os rios Pindaré e Mearim como jusante principal.
            As dez regiões estudadas foram escolhidas pela necessidade de reconhecer e descrever os pulsos de inundação e elementos condicionantes de cada realidade relacionada com o SLPM, pondo-se em destaque os recursos hídricos superficiais que mais contribuem para o movimento dos pulsos.
                        O regime de inundação de cada região hídrica visitada pode ser visualizado na tabela 3, onde foram tabulados as informações do CET auferido pelas PAI’s  e sistematizadas a partir de técnicas quantitativas.


TABELA 3 – Modelo do regime de inundação das regiões hídricas do SLPM visitadas, elaborado a partir das PAI’s.


REGIÃO HÍDRICA

Nº DE INFOR-MAN-TES
MÉDIA DE
IDADE-ANOS
MARÉ DINAMICA
MARÉ SALOBRA


REGIME DE INUNDAÇÃO DURANTE OS MESES

DE
VIDA

EXPERIÊNCIA
INTEN-
SIDADE
PERIODI-
CIDADE
INTEN-
SIDADE
PERIODI-
CIDADE
F
O
M
E
F
R
D
I
C
L
I
M

F
O
M
E
F
R
D
I
I
M

C
L
J
A
N
F
E
V
M
A
R
A
B
R
M
A
I
J
U
N
J
U
L
A
G
O
S
E
T
O
U
T
N
O
V
D
E
Z
Lagos de
de Penalva
10
58,8
39,9

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-










-

-

-
Lago Apuí
10
59,1
42,9

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-









-

-

-

-

-
Lago de Viana

8
52,6
38,1

-



-


-

-

-

-

-

-

-







-

-

-

-

-

-
Maracu
10
50,6
32,6






-

-



-

-













Pindaré  Vianense

6
51,3
35,1





-

-

-



-

-













Lago Aquiri
7
54,2
40,7

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-








-

-

-

-

-
Itans e Gitiba
8
62,3
47,3

-

-





-

-

-

-



-



-








-

-

-

-

-
Reentrância Belém
7
49,8
36,2

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-






-

-

-

-

-

-

-
Reentrância Coqueiro
8
53,3
33,8

-

-

-

-

-

-

-

-



-

-










-

-

-

-

-

-
Lago dos Peixes
6
51,0
34,3

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-






-

-

-

-

-

-

-

LEGENDAS
FORMA DAS MARÉS
REGIME DE INUDAÇÃO

Sugestões unânimes (Forma predominante)

Sugestões unânimes (Período de inundação)

Sugestões parciais (Acontecimentos eventuais)

Sugestões parciais (Fluxos antecipados/prolongados)

Sugestões raras (Acontecimentos raros)

Sugestões raras (Pequenos fluxos)
Fonte: Dados da Pesquisa (2008).


        A tabela deixa perceptível que nas regiões de lagos das três primeiras reentrâncias, o regime hídrico é mais duradouro, o que assegura um caráter de perenidade para maioria dos lagos. Nas duas ultimas reentrâncias o processo não acontece da mesma forma, isto por que:
            - Os pulsos de inundação que originam as primeiras frentes de inundação estão concentrados na região da primeira reentrância, tendo-se o lago Jacareí, o conjunto do Formoso e próprio Pindaré em sua interação com o Maracu como produtores dos pulsos.
            - As três primeiras reentrâncias possuem depressões relativamente profundas, e, por conseguinte, funcionam como imensos reservatórios com maior capacidade de armazenamento de água.
            - As reentrâncias Belém e Coqueiro possuem suas depressões mais rasas, descontínuas e bastante fragmentadas.
            - Os pulsos de inundação que interagem com a região das duas ultimas reentrâncias são mais escassos, representados basicamente pelos igarapés temporários e o lago dos Peixes.    
  
                  Ao atingir seu clímax de inundação ocasionada pelas enchentes[3] do rio Pindaré, as imagens de satélites mostram o SLV expandido ao Norte pela região lacustre das reentrâncias de Belém e Coqueiro e ao Sul pela reentrância do lago Cajari, tornando-se um corpo lacustre contínuo. Os processos dinâmicos mais elementares deste funcionamento do SLPM discutidos anteriormente podem ser visualizados no modelo de inundação gráfico (figura 5) gerado a partir do CET das comunidades, através da aplicação das PAI’s (Apêndice C) e do geoprocessamento de imagens do programa Microsoft Word Imaging, utilizando-se da simples técnica de vetorização das imagens.
      No período de vazão estas áreas que intercalam as planícies de inundação afunilam-se em córregos, enseadas e pequenos canais que vão se transformando em poções. No final da estiagem o SLPM transforma-se em um mosaico de paisagens contrastado por um conjunto de lagos assimétricos, sobrepostos em extensas áreas de terraços lacustres que recebem a denominação local de torrão ou torroada.



                FIGURA 6 - Modelo de inundação do SLPM a partir do CET sistematizado e da interpretação de imagens de satélites.
                Fonte: Dados da Pesquisa (2008


                        Percebe-se nas caracterizações de ESTEVES (1998) que o SLPM com um todo se assemelha aos lagos da região amazônica, do Pantanal Matogrossense e alguns poucos lagos das margens do rio São Francisco, ao descrever que:
(...) os ecossistemas aquáticos recebem grande quantidade de água, o que resulta no aumento de área e de profundidade dos rios e lagos. Nesse período ocorre a intercomunicação de vários lagos e rios, formando um único sistema. Já na época da seca, com a queda do nível da água, dos diferentes sistemas permanecem isolados, ou comunicam-se por canais.
                        Em literaturas mais especificas da Amazônia é possível perceber as mesmas semelhanças, como a de MEIRELES FILHO (2004) quando destaca que:
Os lagos da Amazônia resultam da alteração de curso dos rios e por eles são alimentados durante as enchentes dos rios como o Amazonas. Na época das secas a comunicação com os rios é menor, pelos furos, ou mesmo interrompida, quando secam. Nas áreas de várzeas há lagos menores, que se formam nas épocas de chuvas e secam nos períodos de estiagem.               
            LOPES (1970) internalizou historicamente o termo “rosário de lagos” para designar o estado morfoevolutivo atual do SLPM. CARVALHO (1958) é outro pesquisador mais contemporâneo que se destaca na literatura sobre a Baixada Maranhense, referenciando as idéias de Lopes, embora os dois pesquisadores desconhecessem as dimensões e composição reais de todo recurso hídrico.
       GUERRA & GUERRA (1993) utiliza-se do termo “lagos em rosário” para designar “uma série de lagos recortados” exemplificando alguns lagos costeiros do Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Percebe-se que a designação de “rosário” é entendida pelo simples fato de serem recortados e estarem dispostos em um intercalamento de dunas. FERREIRA (2004) explica que o termo “rosário” pode assumir um sentido figurado, traduzindo-se em uma “série”, “seqüência” ou “sucessão”.

4          CONCLUSÕES

                        Alguns princípios teóricos de Ab Saber, SUDENE, Esteves, Guerra e Guerra e de pesquisadores regionais clássicos como o Lopes e Carvalho foram imprescindíveis para incrementar os conhecimentos já existentes e sistematizar os modelos conceituais e classificações elaborados nesta abordagem. A interpretação do enfoque geossistêmico dos ambientes foi substancial para a ampliação dos conhecimentos sobre os recursos hídricos locais que também somam para todo o contexto regional da Baixada.
                        Os trabalhos de sensoriamento remoto foram indispensáveis para a identificação de elementos hídricos que até o momento se faziam desconhecidos pela comunidade científica. Esse é o caso do de alguns igarapés como o igarapé do Baiano, que realiza trocas de energia diretamente e periodicamente com o lago Apuí e rio Pindaré. Na função de afluente ou de emissário, foi visto que este elemento hídrico é responsável pela regulação dos fluxos e refluxos dos ambientes hídricos locais durante os ciclos anuais de inundação e vazão. 
                        A materialidade histórica buscada nas literaturas regionais e as concepções modernas da geomorfologia fluvial formaram um suporte teórico substancial para a sistematização de bases conceituais que até o momento se fazem confusas no entendimento de estudantes, professores, pesquisadores e jornalistas. Põe-se em relevo a legitimação do Maracu como um rio, a linha de interpretação do “rosário de lagos”, o esclarecimento e identificação de penínsulas e outras questões relacionadas com as heranças culturais e históricas deixadas pelos padres jesuítas.
                        A tradução da hidrografia regional foi baseada no entendimento de que o SLPM funciona como se fosse um desvio do rio Pindaré que se mantém “mais ou menos confinado” em uma seqüência de depressões assimétricas e forma uma única massa de água doce, tornando-se o ambiente lacustre de maior destaque de toda a Baixada Maranhense.
                        Tendo-se os campos na inundação em declínio, a tendência vital das comunidades ribeirinhas é impedir que alguns pontos desse imenso desvio se estrangulem em um relevo de jusante e retornem para a calha fluvial principal. Esta ação faz prolongar, no máximo possível, a perenidade dos sistemas inundáveis, ou mesmo controlar as enchentes salinas, para a proteção e conservação das águas doces. É a partir dessa necessidade vital que as comunidades constroem os diques artificiais que são denominados de tapagem ou barragem.
                        Na inundação em declínio alguns lagos de desagregam total ou parcialmente dos corpos hídricos mais próximos, visto que as águas ficam concentradas nas depressões mais baixas, originando um autêntico “rosário de lagos” descrito pelos pesquisadores clássicos e também por Guerra e Guerra (1993) ao enfatizar a geomorfologia de lagos de outras regiões do Brasil.
                        São lagos de todos os tamanhos e de todas as formas que recebem denominações locais, sendo que os de menores depressões estão dentro das duas ultimas reentrâncias, enquanto os maiores estão nas três primeiras reentrâncias, provavelmente indicando que as primeiras foram mais trabalhadas pelos movimentos de regressão e transgressão marítima na época do paleo-golfo.
                        Indiretamente os rios caudalosos (Pindaré e Mearim) possuem uma função importante na vida da população pelo fato de funcionarem como reguladores dos estoques de pesca dos lagos e promoverem os pulsos de inundação ao regime hídrico local. Diretamente as influências são menores pelo fato destes cursos de água se encontrarem distantes dos maiores aglomerados populacionais dos municípios. Esta situação se explica pelo fato do ambiente concentrar muitas áreas alagadas, logo, pouco acessíveis e inóspitas ao ecúmeno das comunidades.
                        Apesar da exuberância ainda existente dos elementos naturais, o SLPM vem apresentando indicadores que refletem os graves impactos causados pelas interferências antrópicas. A perda de cobertura vegetal das bacias de drenagens, a destruição das matas ciliares, a redução das áreas inundáveis e das conchas lacustres, construção de barragens e aterramentos, diminuição do volume de água, a improdutividade da pesca artesanal são efeitos dessas mudanças que se traduzem em flagelos sociais para as comunidades tradicionais que se fazem mais dependentes desses recursos.
                        Algumas mudanças na configuração de muitos elementos naturais das paisagens são cruciais. Em Viana, área de concentração dos trabalhos, é percebido que o lago Maracassumé não pode mais ser considerado um lago perene, já que se transforma em um poção no período de estiagem. Algumas ilhas como o Sacoã e Sacoanzinho que ornamentam os campos da cidade têm deixado seu caráter de ilhas nas estiagens mais longas, eventos estes não acontecidos antes, já que o lago de Viana vem apresentando redução no seu volume de água. Algumas localidades de Viana que se denominaram pelo destaque dos seus elementos naturais, como Enseada do Belo, Baixa do Capim, Areal, Campo Novo, não se configuram mais como tais, pelas mudanças na dinâmica de inundação ou pelas graves interferências antrópicas.
                        O crescimento tecnológico e econômico têm contribuído para ascensão de uma sociedade moderna baseada em um modelo de consumo que impulsiona o uso indiscriminado dos recursos. São fatores desse efeito, a especulação imobiliária urbana que vem impactando as bacias de drenagens e as planícies de inundação dos lagos, a especulação fundiária pautada no modelo de grilagem de terras agrícolas e no cercamento dos campos inundáveis, o crescimento do turismo ecológico, praticado com a ausência de infra-estrutura, planejamento e educação ambiental, a produção crescente do lixo que se acumula em monturos nos campos inundáveis e nas ruas, o crescimento da bubalinocultura que tem tornado os recursos hídricos improdutivos e os solos mais susceptíveis a erosão.

REFERÊNCIAS
AB’ SABER, A. N. A Amazônia: do discurso a práxis. 2ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 319p.
BARENHO, C. P.; MACHADO C.R.S. Contribuições do Marxismo e da Etnoecologia para o estudo das relações socioambientais. Disponível em <http://www.unicamp.br/cemarx/anais_v_coloquio_arquivos/arquivos/comunicacoes/gt2/sessao3/Cintia_Barenho.pdf> . Acesso em 05.09.2008.
BEGOSSI, A; HANAZAKI, N; e SILVANO, R.A.M. Ecologia humana, etnoecologia e conservação. In: AMOROZO, M.A,; MING, L.C. e SILVA, S.P.. (Org.). Métodos de coleta e análise de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas correlatas. Rio claro-S.P: SBEE/CNPq/UNESP, 2002, cap 4. p 91-128.
CARVALHO, O. Retrato de um município. Publicação comemorativa do segundo centenário do município de Viana, criado a 8 de julho de 1957. Rio de Janeiro: 1958. 123p.
CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia.2ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1980, 189p.
_________________, Perspectivas da geografia. 2ª ed. São Paulo: Difel, 1985. 318p.
ESTEVES, F. A. Fundamentos de limnologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Interciência, 1998 FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário eletrônico Aurélio versão 5.0. 3ª. Ed. São Paulo: Positivo Informática Ltda, 2004
GUERRA, A.T.; GUERRA, A.J.T. Novo dicionário geológico geomorfológico. 8ª ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1993, 648p.
LOPES, R. Uma região tropical. Rio de Janeiro: Cia Editora Fon-Fon e Seleta, 1970, 198p. (Coleção São Luis – 2).
MARANHÃO, Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Turismo - SEMATUR. Diagnóstico dos principais problemas ambientais do estado do Maranhão. São Luís: Lithograf 1991, 193p.
MARCONI, M.A., LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 1999. 260p.
MEIRELES FILHO, J.C. O livro do ano da Amazônia: mitos e verdades sobre a região mais cobiçada do planeta. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004 398p.
MIRANDA, E. E. de; (Coord.).   Brasil em relevo.   Campinas: Embrapa monitoramento por satélite, 2005.  Disponível em: <http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br> .  Acesso em: 22/04/2008.
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SOUZA, M. R. de. Etnoconhecimento caiçara e uso de recursos pesqueiros por pescadores artesanais e esportivos do Vale da Ribeira. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Agroecossistemas). ESALQ – Piracicaba. 2004.102p
VAZZOLER; A.E.A.M.; AGOSTINHO, A.A.; HAHN, N.S. A planície de inundação do alto rio Paraná: aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos. Maringá: Nupélio, 1997.
WETZEL. R.G. Limnologia. Lisboa: Fundação Caloute Gulbenkian. 1993. (Tradução: Maria José L. Boavida – Professora da FCUL)




APÊNDICE A – Modelo de PAI  Aplicadas aos Ambientes Hídricos do SLPM (Planilha de 01)


UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS
MESTRADO


PLANILHA DE ANÁLISE DO CICLO DE INUNDAÇÃO COM O USO DO CET


           REGIÃO LACUSTRE: Reentrância Lacustre Cajari – lagos de Penalva                                                                           PLANILHA: 01                    
DADOS DO INFORMANTE
CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL
INFLUENCIA COSTEIRA
FRENTE DO REGIME
DE INUNDAÇÃO DURANTE OS MESES


NOME

OCUPA-ÇÃO PRIN
CIPAL
IDADE-ANOS
LOCALIZAÇÃO
GEOGRÁFICA
PULSO(s) DE INUNDAÇÃO
MARÉ DINAMICA
MARÉ  SALOBRA
DE
VIDA
EXPERIÊNCIA
INTEN-
SIDADE
PERIODICI-
DADE
INTEN-
SIDADE
PERIODICI-
DADE
CORPO
D’ÁGUA

LUGAR
RELEVO DE MONTANTE
RELEVO DE JUSANTE
F
O
M
E
F
R
D
I
C
L
I
M

F
O
M
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D
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I
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J
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N
J
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L
A
G
O
S
E
T
O
U
T
N
O
V
D
E
Z
Antonio Souza Neto
Comerci-ante
61
anos
46
anos
lago Cajari
Penalva Sede
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana
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X
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Valdivino Pinheiro
Pescador
58
anos
38
anos
lago Cajari
Penalva Sede
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana
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X
X
X
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Artur F. Barros
Lancheiro
51
anos
36
anos
lago Cajari
Penalva Sede
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana
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X
X
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Catarino de J.V. Oliveira
Pescador/ Lavrador
58
anos
33
anos
lago Cajari
Penalva Sede
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana
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João Farias de Sousa
Aposentado
66
anos
51
anos
lago Cajari
Penalva Sede
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana
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Maria Nice M. Aires
Pescadora/Lavradora
54
anos
37
anos
lago Cajari
Penalva Sede
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana
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Marssal Gomes
Pescador/ Lavrador
72
anos
41 anos
lago Cajari
Pov. B. do Lago
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana
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José Ribamar M. Santos
Pescador/ Lavrador
49
anos
31
anos
L.  Ca-
pivari
Pov. P.Grande
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana
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Genésio Barbosa
Pescador/ Lavrador
63
anos
45 anos
L.  Ca-
pivari
Pov. Stª. Maria
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana
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Galdino C. Arouche
Agente de Saúde
56
anos
41 anos
L. For-moso
Pov. Caetitu
L. Jacareí,
Formoso
lago Viana

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            LEGENDAS
            FO: Forte                                          ME: Média                             FR: Fraca
            DI: Diária                                          CL: Ciclo da Lua                   IM: Impossível Mensurar



                       


[1] O Sistema Lacustre Pindaré-Mearim – SLPM é uma das bases conceituais elaboradas na dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graducação em Sustentabilidade de Ecossistemas da Universidade Federal do Maranhão: Sistema Lacustre Vianense: ensaios de modelos conceituais para os lagos do município de Viana-MA 
[2] Licenciado em Geografia e Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas pela Universidade Federal do Maranhão.
3 Mesmo à longas distâncias, alguns trabalhadores rurais dessa região conseguem perceber quando a barragem do igarapé do Mistério localizada no lago Jacareí se rompe e ocorre o evento denominado pelos trabalhadores rurais de enchentes. Esse acontecimento só traz alegria para as comunidades. Algumas delas usam termos que anunciam tal evento: o Pindaré tá botano; o Pindaré ta mandano ou o Pindaré ta lançano. O aposentado Cássio Carneiro do povoado Coqueiro em Olinda Nova do Maranhão afirma catedratricamente: “Quando o Mistério arrebenta a gente diz: o Pindaré já ta botano, aí a gente já fica sabeno que o “inverno” tá vino com vontade”.
 
 
Por: Ney Silva

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