domingo, 4 de novembro de 2012

Rosário de Lagos do Maracu


Está crescendo, em todo o mundo, uma inadiável atitude em defesa do meio ambiente. É uma questão de educação? Sem dúvida! Então devemos buscar através dela, o equilíbrio dos homens no grande ecossistema Terra. Parece que milhões de pessoas estão tomando consciência da necessidade de se manter o equilíbrio ecológico, sob pena da mais completa deterioração da qualidade de vida. Podemos dizer que o meio ambiente, e os interesses individuais e coletivos, pelos assuntos que lhe dizem respeito, são as características mais fortes deste final de século. (Wanderley Rebello Filho) Por estas razões a Fundação Conceição do Maracu, apresenta o maior conjunto de Bacias Lacustres Naturais do Nordeste: “O Rosário de Lagos do Maracu”.
 
 
 
 
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Situado na Baixada Maranhense, cuja porta de entrada é a cidade histórica de Viana. É uma Área de Proteção Ambiental desde 1991, que está totalmente sem proteção, refúgio de aves migratórias catalogadas de várias partes do Brasil: Amazonas, Marajó, Pantanal Mato-Grossense, inclusive do corredor migratório do Canadá à Patagônia. Com mais de sete mil quilômetros quadrados de extensão, é o mais belo e rico ecossistema do Maranhão, têm como atrações ecoturisticas; à pororoca do rio Mearim, o imponente “Rosário de Lagos do Maracu”, formado pelos lagos: Aquirí, Cajary, Capivarí, Formoso, Maracassumé, Itãns e Viana.
 
 
No princípio tudo eram águas. Águas do mar, sem dúvida. Depois veio o “imenso aterro” e repeliu-as e soterrou-as. Porém as águas do céu continuavam a cair e há seu tempo, cobriam o aterro dum mar doce. Mas o aterro continuou. Ergueu a terra firme e reduziu o mar doce. E a terra firme, varrida pelas chuvas, entregava-lhes a areia com que se restringiam lentamente os limites das águas. Estas, perdendo sempre terreno e represadas por certas lajens “que contribuíram talvez, para a formação dos lagos em rosário de Maracu”, concentraram-se nestes e cavaram o rio, abrindo caminho para tornarem ao seu reservatório natural.
 
 
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Além das terras malogradas do golfo maranhense, em cujo litoral o mar prossegue a devastadora arrancada de suas vagas, no eterno conflito de Reclus, a comer os barrancos, onde os mangues se enfileiram numa barragem contra os ímpetos das águas, estendem-se os campos e planuras da Amazônia maranhense. É a zona da baixada. Região de acentuados característicos amazônicos; essas terras esteriografam na sua fisionomia as lutas seculares da natureza indômita, surgindo das águas inquietas para uma formação de relevo, que ainda hoje se debate entre as cheias de seis meses, que anualmente lhe inundam os baixos campos até se formarem definitivamente, como vai acontecendo, nos tesos e chapadas, onde as invernias produzem charcos e igapós, mas não lhe devastam de todo os domínios.
 
 
Nessa planície a paisagem é perturbadora e variada. Modifica-se e multiplica-se nos mais complexos e caprichosos aspectos. Dominam, quase sempre, extensões enormes de campanhas debruadas de mataria rala, chamalotada de capim verde ou cheia de pequenos bosques de araribeiras, ou de moitas verdes de crevirizeiros, e não raro perturbada na sua monotonia chata e inquietante, pelas linhas verticais de palmeiras isoladas, como si ali ficassem perdidas, e retardadas, nesses campos, cansadas e estropiadas da marcha vitoriosa dos cocais imensos, que vingam outras terras às margens do Pindaré e Mearim, até os mais afastados pontos do Itapecuru.
 
 
 
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No inverno, em uma viagem pitoresca do lago Viana para o lago Cajary no município de Penalva, atravessando os campos do Mistério, passando pelo lago Jacareí, desafiando as correntezas do rio Santa Rita para alcançar as águas do rio Pindaré que trafegam pelo leito do lago do Castelo, no município de Monção. De volta em outro extremo.O lago do Castelo arremessa suas águas pelo Igarapé do Cansado no lago Formoso, também no município de Penalva, o qual é o maior repositor de águas da região. Suas águas correm fortemente pelos igarapés rasgando os aningais, arrastando plantas aquáticas carregadas de humos, que vão servir para fertilizar os campos inundados, entre o lago Capivarí e o lago da Lontra, até aportar o colo do lago Cajary.imageDaí segue seu percurso pelo rio do mesmo nome em uma forte correnteza, degradiando-se contra as araribeias, geniparaneiras, jiquirizeiros, marajazeiros, popoqueiras, tarumanzeiros, trapiazeiros, titareiras e tantas outras vegetações próprias da região existentes nas suas margens, até o lago Maracassumé, para serem despejadas na bacia do lago Viana.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Concomitantemente, os lagos Aquiri e Itãns, localizados no município de Matinha, recebem águas do lago Coqueiro e várias lagoas, por intermédio de uma rede de igarapés que lançam essas águas pela calha tortuosa do Igarapé do Engenho no lago Viana. O rio Pindaré, tem uma missão honrosa, é a maior e a mais expressiva veia fluvial deste complexo lacustre. imageEnquanto o rio Maracu, que margeia a cidade de Cajari, tem dupla função: condutor de água do lago Viana para o rio Pindaré e ocasionalmente permite a entrada de água salgada procedente da baía de São Marcos, através das marés altas, no fenômeno da pororoca dos rios Mearim e Pindaré, salgando as águas do lago Viana.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Lago Viana em que se espelha a cidade do mesmo nome, tem características peculiares, lago semi-coberto de vegetações aquáticas. É o mais velho, embora assoreado pela quantidade de barragens de barro e outros entulhos que são lançados em seu leito, o Viana têm a função de receptor das águas e detritos dos outros lagos, é o maior viveiro de peixes, répteis, aves e até búfalos, trazido para essa região no início dos anos setenta, com a proposta de solucionar o déficit de carne bovina na “alimentação da população”, é hoje um problema ambiental.imageTornou-se um predador em potencial desse hábitat, devido à prática vantajosa da criação extensiva, onde estes animais são criados soltos no ecossistema, alimentando-se das vegetações aquáticas e ribeirinhas que sustentam esse frágil ambiente ecológico. De junho a dezembro o turismo rural nos oferece suas manifestações encíclicas religiosas a presença mais forte da nossa cultura. No verão o agroturismo é a melhor opção; seus campos nos oferecem uma vista de rara beleza, descortinando uma elegante avifauna, imageas quais ornamentam sua exuberante vegetação campestre. No inverno transforma-se em um mar de água doce, que fascina os nossos olhos de encanto e magia diante do maior lençol aqüífero da região.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atrações do Lago de Viana, tradicional pela sua beleza e abundância de pescados. Bem, como manda a tradição, no inverno alguns esportes aquáticos são praticados como: corrida de canoas com remo, canoas com velas e nado a distância, sem deixar de mencionar o gostoso banho de lago. Por estas águas percorre todos os anos a procissão de Ascensão, marco inicial das festas populares na baixada, manifestação que vem de muitos anos. imageExistem ainda as atividades de pescarias de todos os tipos o ano inteiro como: tarrafa, anzol, ponga ou moponga rede, espera, flecha, arpão, muzuá, socó, “arrastão” e mais. Podemos dizer que o velho lago ainda serve de cartão de visita, porta de entrada e via de comunicação com outros municípios.
 
 
 
 
 
 
 
 
ILHA DO CARARÁ a mais virgem de todas as ilhas do lago Viana começa a sofrer as depredações pelos homens, imagena desenfreada caça aos pássaros e aves em extinção bem como: japiaçocas, marrecas, socós, garças, tetéus, jaçanãs, atins, patos-do-mato, graúnas, pirulitos, tesoureiros, paturis, jaburus, maçaricos, bacuraus, andorinhas corujas, sacarregas, etc., que procuram abrigo naquele viveiro natural para reprodução. Mas, hoje em dia, já são registrados fugas de bandos de marrecas, patos selvagens e outras aves ribeirinhas, para se protegerem de caçadores, buscando refúgios nos açudes construídos nas calhas dos igarapés nas proximidades do lago.
 
 
 
OITEIRO DO MOCOROCA – como em todas as cidades históricas as lendas sempre se fizeram mais forte, pois, com esta não poderia ser diferente. imageDizem que neste morro está encantada a linda “índia de nome ANA”. Que a tradição oral nutre os menos atentos dizendo: Vi Ana. O certo é que entre sua vegetação existem madeiras de lei como: cedro, Ipê jatobá e a universal sumaúma, também pequizeiros, pés de tucuns, palmeiras de babaçu, cipós e outros tipos de vegetações de grande, média e pequeno porte. Em sua base grande cinturão de araribeiras e um pelotão de popoqueiras, parece se forma uma espécie de grade de proteção, contra as ações destruídoras dos maus investidores no “ser” natureza.
 
 
 
ILHA DE IÇACUÃ ou SACUÃ - esta ilha é garbosa, elegante pela sua arborização nativa composta por um cordão de araribeiras, popoqueiras, giniparaneias, marajazais, orelha-de-vaca, castanheira de burro, aningais, cana brava, alguns crívirizeiros, titareiras, algodão-do-campo,
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mata-pasto e outros arbustos, com uma distribuição bem compacta para manter o equilíbrio ecológico do lugar, beneficiando o sustento das espécies de aves, pássaros, grande variedade de insetos e animais venenosos, em reprodução o que torna esse lugar um pouco “perigoso”.

Neste complexo lacustre situado na Baixada Maranhense destaca-se a cidade de Viana. Oriunda da Aldeia Maracu desde 1682 foi transformada em Vila depois da expulsão dos Jesuítas do Maranhão, em 1750.
 
 
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De acordo com o Parágrafo II do Regimento das Missões Jesuíta recebeu o nome de Villa de Vianna em 1757. Até hoje Viana guarda suas características colônia considerado parte do Patrimônio Arquitetônico de São Luís e Alcântara, é a terceira cidade colonial do Maranhão chamada de “Veneza Maranhense”, que durante o Império foi tida como Sucursal Campestre de Alcântara. Com duzentos e cinqüenta anos, Viana possui um histórico de vida de grande relevância no desenvolvimento social e econômico da baixada maranhense.


Vale mencionar que o lago Maracassumé, que banha o Quilombo de São Cristóvão, tem a função de criador de peixes e aves em reprodução, e serve de via condutora entre o lago Viana e o rio Cajari. O importante é que todo este conjunto de lagos, lagoas, rios, igarapés e estreitos são de vitais importâncias na condição de equilíbrio ecológico “Entre a Amazônia e o Sertão”. (Raimundo Lopes)
 
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O Lago Cajary, situado no come sul da cidade de Penalva, têm a função de berçário e viveiro de peixes e aves em reprodução. Este lago é um centro de pesquisas, encontra-se guardam em seu leito mais de dois quilômetros de objetos de uso domésticos feitos de cerâmica e de pedra, inclusive amuletos, “murakitans”. Os esteios das habitações encontram-se em disposições contrárias; a parte superior para baixo e inferior para cima. O escritor vianense Celso Magalhães, já havia visitado essas antigualhas no verão de 1878, Mas, a primeira pesquisa cientifica dessas estearias foram promovidas pelo seu sobrinho, o pesquisador vianense, Dr. Raimundo Lopes durante o verão de 1919. Afirma o pesquisador que existiu uma civilização organizada contemporânea a do Marajó na Amazonas e quem sabe anterior aos Aztecas, no México e Incas, no Peru. Ou seja, tudo isto é “A Civilização Lacustre do Brasil”. (Revista do Museu Histórico Nacional/1924)
 
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Lago Formoso – esse lago no inverno ativa seu reservatório subterrâneo, que entra em ebulição normal, jorrando duas vezes mais água no ecossistema, do que a quantidade precipitada atmosfericamente no período chuvoso. Sua vegetação aquática no inverno nos oferece um espetáculo a parte; o balé das famosas ilhas flutuantes as quais são deslumbrantes fenômenos da natureza, considerado pelos habitantes do local como mistérios. O lago Formoso possui águas turvas tingidas pela sua grande quantidade mururus, palmeiras de buriti, bacaba, juçara (açaí) e outras espécies endêmicas. Devido a sua expressiva profundidade se destaca como o maior criador de aves, peixes, ofídios, reptis crocodilianos e outras espécies próprias da região.
 
Não só no Formoso mais em toda região da Baixada Maranhense como um todo, no período de cheias, o ecossistema recebe grande quantidade de água, por reposição do solo e pelas águas da chuva o que resulta no aumento da área e profundidade dos rios e lagos. Neste período ocorre a intercomunicação de vários lagos e rios, formando um único sistema. Já na época da seca, com a queda do nível de água, os diferentes sistemas permanecem isolados, ou se comunicam por igarapés.
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Os lagos não são elementos permanentes das paisagens da terra, pois eles são fenômenos de curta durabilidade na escala geológica, portanto surgem e desaparecem no decorrer do tempo. O seu desaparecimento está ligado a vários fenômenos, dentre os quais os mais importantes são: o seu próprio metabolismo, como por exemplo, o acúmulo de matéria orgânica no sedimento e a deposição de sedimentos transportados principalmente por afluentes. Isto sem falar do pior de todos os fenômenos existentes na terra. A ação destruidora do homem. O ser universal mais perverso por que é prematuro depende da natureza ambiental para se desenvolver, é racional e não programado pelo instinto da espécie.
 
Os lagos formados por movimentos diferenciados da crosta terrestre podem ser originados através de dois fenômenos principais:
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Ave caradriiforme, jacanídea 
(Jacana spinosa jacana) Jaçanã
e japiaçoca espécies em extinção

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Através de movimentos epirogenéticos e de falhas tectônicas. Ultimamente vem sendo confirmada com muita freqüência o papel destruidor do homem pela poluição e de algumas espécies de animais pela inadaptação.
 
 
Na baixada o inverno é uma catadupa. Quando os aguaceiros desabam, chove dia e noite, semanas e meses, sem quase interrupção. Nas secas o solo dos campos, onde as manadas de gado abriram caminhos, que columbrinam em todos os sentidos oferece o aspecto monótono dos descampados das queimadas. Nos alagadiços e baixos as torroados se acumulam num como desmoronamento, enquanto no perizes, “ poções” os rastros do gado ficaram fundidos no barro de louça. As primeiras chuvas que caem, são devoradas sofregamente pela terra, seca. O chão bebe volutuosamente as águas pluviais até se encharcar.
 
As chuvas recrudescem. Os ribeiros e igarapés começam a engrossar. O capim de marreca morto reverdece para morrer logo depois mergulhado pela enchente. Só o capimassú engrossa as touceiras rejuvenescidas pelas chuvas. Na vasta bacia recortada de enseadas e de brejões, de grotas e igarapés, ribeirões efêmeros na seca e de lagos que incham no inverno, as águas selvagens de todas as calhas começam a ensopar a região aos gorgolejos e saltos, em córregos e bicas, em riachos fartos, que cantam por entre jussaral e fechados de sororocas, e vão encher lagoas enormes, que ansiavam ressequidas e cobertas de aningas sarapintadas de branco, pela abundância da linfa, que vem de todas as quebradas e desce de todos os quadrantes.
O chão amolece, as torroadas viram tremedais enormes, os campos mais baixos se encharcam, os igarapés engrossam, enovelam os cursos rápidos, escorrem e correm acrescidos das águas dos ribeirões, que descem e marcham para a baixada, na volúpia de águas que cantam em ânsias de plenitudes bizarras... É assim a Baixada Maranhense, uma diversidade desconhecida.
Pedro Mendengo Filho
Desenvolvido por A. Martins - 2008


http://www.aldeiamaracu.org.br

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