quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Professor denuncia crimes ambientais na Baixada Maranhense

Bom dia!

Este e-mail estou mandando para o IBAMA e para a EMBRAPA.

O motivo que fez eu escrever esse e-mail é para relatar o que observo em minhas viagens de Pinheiro até Bacuri. Sou Antonio José da Silva, professor e coordenador do Curso de Ciências Naturais do Campus da Universidade Federal do Maranhão em Pinheiro. Trabalho em Pinheiro e moro em Bacuri, então é comum eu observar caminhões, carroças e carros de boi abarrotados com "toras" de madeira (angelin, pau d'arco e cedro) predominam. Essa madeira fica na região em madereiras e oficinas para extravagâncias em móveis. Parei um dia para conversar com um senhor que conduzia um carro de boi entre Mirinzal e Cururupu e perguntei da origem da madeira, o que respondeu não ajudou muito e me deixou preocupado, ele apenas transportava "fui contratado". Esse "carrego" é o ganha pão do senhor do carro de boi que faz esse frete constantemente e vai buscar mata a dentro. Disse ainda que não há fiscalização, a polícia passa e nem pergunta nada e ele só está fazendo o que considera seu trabalho.

Outra coisa que me incomoda bastante é que em regiões próximas de Serrano do Maranhão e Bacuri á uma caça muito expressiva de jacaré (veja só eu passo na semana umas duas vezes e sempre vejo, imaginem o que não consigo observar). Vi uma reportagem no profissão repórter que fiquei extremamente incomodado, uma senhora para sobreviver ao longo de um povoado próximo do trem de passageiros da vale, tem que vender tatu, vários tatus, DIARIAMENTE, e essa notícia foi veiculada e as pessoas acham natural e esquecem a inoperância.

Queimadas!! muitas queimadas é o que encontro em quase todas a extensão da MA que sai de Pinheiro e vai até Apicum-Açu. Queimadas acidentais devem haver, mas é um caso de educação. Muitos lavradores ainda adotam a queima para fazer o "roçado". Em tempos de seca essa prática pode causar um desastre. Se fizerem uma vistoria entre Central do Maranhão e Mirinzal verão que toda a margem e mata a dentro estão inteiramente queimadas, uma verdadeira "visão do inferno". Na noite da queimada fiquei muito assustado pois eram labaredas de um lado e outro da pista.

Quem sofre com isso são as crianças e os animais que morrem queimados e e encurralados.
     
Gostaria de chamar atenção de outros dois fatos que ocorrem em Pinheiro. Com a baixa do Rio Pericumã os campos estão secos e ocorrem dois fenômenos graves, as queimadas no campo para caçar "cangapara". Um incêndio enorme no campos de Pinheiro ocorreu em dezembro e deixou a cidade totalmente debaixo de fumaça por dois dias. O outro fenômeno é o loteamento das áreas que são do campo e que agora estão tomadas por pecuaristas e pequenos produtores, estão fazendo barrancos e valas para quando as águas chegarem essas terras recém adquiridas com a seca não mais possam ser inundadas, fato que pode ser observado nos dois acesso (campos verdejantes!!!!) da cidade de Pinheiro.

Me preocupo porque não vejo ninguém fazendo nada, as organizações governamentais responsáveis pela fiscalização e controle estão ausentes nessa região (sei que quase em todo o estado e que o contingente de funcionários é baixo, falta veículos para cobrir toda a extensão...).

O que pode ser feito? há algum programa educacional que o IBAMA e/ou a EMBRAPA desenvolve com o propósito de educar? há fiscalização, por parte das instituições que os senhores representam, nas regiões citadas?

Não entendam mal meu depoimento, é a forma que tenho no momento para fazer algo. Se possível gostaria muito de ouvir os senhores. Enviei cópia deste e-mail para colegas  de trabalho da UFMA que compartilham o interesse pela preservação e a sustentabilidade de nosso BIOMA.

Boas festas!

-- 
Universidade Federal do Maranhão
Área de Conhecimento: Matemática
Ciências Naturais - Campus de Pinheiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário