sexta-feira, 26 de julho de 2013

Estudos científicos comprovam saberes tradicionais do interior


 

Crenças passadas de geração a geração têm comprovação na Ciência

Novos estudos indicam que insetos sabem que uma chuva se aproxima ao detectarem mudança na pressão atmosférica  (Foto: Divulgação/ Lucas Conrado)Novos estudos indicam que abelhas e outros insetos percebem a aproximação de uma tempestade ao detectarem mudança na pressão atmosférica (Foto: Divulgação/Lucas Conrado)
O Globo Ecologia deste sábado mostrou que a população do interior do Nordeste tem uma crença: se não chover até o dia 19 de julho, a seca daquele ano será rigorosa. O que foi considerado uma crendice popular durante muitos anos, ganhou comprovação, a medida que a ciência evoluiu. Assim como esse, muitos outros saberes populares foram sendo validados ao longo dos anos, mostrando que são mais corretos do que se imagianva.

Plantas que curam
As universidades estão começando a descobrir o poder curativo das plantas da Caatinga, que a população local já conhece há muito tempo. Professora do Laboratório de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Ceará (UFC), Kalyne Leal destaca algumas das plantas utilizadas pela população local, com grande potencial  para serem utilizadas na indústria farmacêutica.
A primeira é o cumaru (Dipteryx odorata). Árvore encontrada no Brasil, Colômbia, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Ilhas Seychelles e Suriname é usada no sertão do Nordeste para o tratamento da asma e outros problemas respiratórios. "Temos pesquisas onde ela mostra potencial anti-inflamatório e broncodilatador", destaca. A professora conta que no uso tradicional se extrai a casca do caule, que é fervida em um chá, que pode ser inalado.
Outra planta utilizada tradicionalmente é a aroeira-do-sertão (Schinus terebinthifolius). Assim como o cumaru, a casca dessa árvore é cortada e fervida, podendo ser utilizado de diversas formas diferentes. "Popularmente, essa planta é usada para o tratamento de inflamações na região genital", comenta Kalyne. Com propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias, o chá da casca da aroeira-do-sertão também pode ser ingerido, para combater gastrite.
"Enquanto as populações locais fazem chá com esses recursos, usamos tecnologias farmacêuticas", explcia Kalyne. A professora conta que a UFC está desenvolvendo xaropes e comprimidos dessas e de outras plantas, que poderão ser utilizadas em breve. Além dos medicamentos, será lançado em breve um livro com receitas de remédios naturais, feitos com plantas da Caatinga.
Na pressão
De acordo com as crenças populares do interior do Brasil, é possível prever a chegada de uma chuva sem olhar para o céu. Mais especificamente, uma olhada nos insetos pode ser o suficiente para que se perceba que o tempo vai virar. "Não só os insetos, mas outros animais como aves, ratos, e morcegos identificam a mudança no clima e mudam seu comportamento", explica José Mauricio Bento, especialista em insetos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).
Ele conta que essa agitação dos animais que antecede a chegada de uma chuva é uma questão adaptativa. A sobrevivência deles depende disso. José Maurício explica que, por muitos desses animais serem pequenos, eles estão muito mais vulneráveis a tempestades. "Ventanias, tempestades e tufões poderiam eliminar grande parte desses organismos", comenta.
Recentemente, a equipe do professor confirmou uma suspeita antiga dos cientistas. Os animais percebem que uma chuva se aproxima por causa da mudança na pressão atmosférica. "Grandes tempestades estão associadas a baixa pressão. Quando uma grande chuva se aproxima, a pressão do ar na região diminui. Os animais identificam essa diminuição", comenta Bento.
Essa mudança é percebida pelos animais em um curto período de tempo. De acordo com o professor, a percepção é de seis a 12 horas antes da mudança. Formigas trabalhando com maior intensidade ou pássaros mais agitados durante um dia ensolarado podem indicar que uma chuva se aproxima e que deverá chegar durante a noite.
O professor conta que, apesar de eles identificarem essa mudança na pressão atmosférica, os cientistas ainda não determinaram exatamente como o fazem: "Ainda não sabemos qual órgão, qual estrutura eles usam para identificar essa mudança na pressão. Isso demandará estudos complementares."

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