quarta-feira, 19 de abril de 2017

Depois de sete anos de recuperação, peixe-boi da Amazônia é solta

Helena pesava 90kg e media 1,70m no momento da soltura. Foto: Amanda Lelis
Helena pesava 90kg e media 1,70m no momento da soltura. Foto: Amanda Lelis
Peixes-boi são bichos grandes. Eles pesam de 400 a 550 kg e o seu couro muito grosso é uma defesa, que desencoraja a maioria dos predadores. Os peixes-boi-amazônicos (Trichechus inunguis) foram caçados em escala industrial desde o Brasil Colônia e há registros de sua carne e óleo sendo exportados do então Grão Pará no século XVII. E hoje os peixes-boi continuam sofrendo com a caça desenfreada de seus algozes. Mas, o que será relatado nas próximas linhas trata-se de uma história real de sucesso pela preservação dessa espécie.
Levaram sete anos para que a peixe-boi Helena, que em 2010 foi levada ferida para o Centro de Reabilitação de Peixe-Boi Amazônico de Base Comunitária, fosse devolvida sã e salva à vida em ambiente natural. No dia 13 de abril, Helena foi solta no Igarapé do Juá Grande, localizado na Reserva Mamirauá, unidade de conservação do Amazonas.
Durante esses sete anos, Helena recebeu os cuidados dos pesquisadores e técnicos do “Centrinho”, como é chamado o Centro de Reabilitação, que foi criado pelo Instituto Mamirauá, em 2008. Na época, quando encontrada ferida pelos moradores da região, a peixe-boi tinha cerca de três meses.
Helena passou por um processo de recuperação diferente dos demais animais que ficam cerca de dois anos em reabilitação. A longa duração dos seus cuidados deveu-se às condições nas quais ela foi encontrada, apresentando muitas sequelas devido aos ferimentos e quadro de infecção. Esse longo tempo foi necessário para que a peixe-boi tivesse plena capacidade para a vida livre. A peixe-boi faz parte de uma enorme história de recuperação e sucesso, que deixa os profissionais envolvidos nesse processo muito felizes.
"Ela teve uma melhora extraordinária. Chegou muito debilitada, ferida com uma flechada na mandíbula, que acabou comprometendo o nervo facial. Por isso, ela perdeu a visão de um olho, teve muita dificuldade até conseguir fechar completamente as narinas e principalmente a mastigação, dificuldade pra pegar a mamadeira e mordiscar as plantas. Digo extraordinária, porque, quando ela chegou, a gente não sabia se ia sobreviver, por causa desta dificuldade grande", explica Miriam Marmontel, pesquisadora do Instituto Mamirauá - unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
O Igarapé do Juá Grande, na Reserva Mamirauá, onde Helena foi solta, não foi escolhido aleatoriamente. O local apresenta disponibilidade de vegetação para alimentação nesta época do ano, primeiro período de adaptação do peixe-boi na natureza, e tamém porque a área foi o reduto escolhido por Japurá, outro peixe-boi solto pelo Instituto Mamirauá, há dois anos. Há um otimismo entre os pesquisadores de que os dois animais se encontrem.
Antes da soltura, Helena foi pesada, medida e em sua cauda foi adaptado um cinto equipado com transmissor de sinais de rádio. O cinto emite um sinal que permite ser monitorado pelos pesquisadores em ambiente natural.
Esse foi o quinto evento de soltura de peixes-boi reabilitados pelo Instituto Mamirauá. Através do monitoramento, os pesquisadores buscam a compreensão de como os animais se movimentam na área e acompanham o desempenho de adaptação dos indivíduos em vida livre, fora do cativeiro.
Antes da soltura, é instalado um cinto que emite sinais de rádio que podem ser rastreados pelos pesquisadores. Foto: Amanda Lelis
Antes da soltura, é instalado um cinto que emite sinais de rádio que podem ser rastreados pelos pesquisadores. Foto: Amanda Lelis
O peixe-boi foi transportado em uma lancha aos cuidados de veterinários até o local da soltura. Foto: Amanda Lelis  O peixe-boi foi transportado em uma lancha aos cuidados de veterinários até o local da soltura. Foto: Amanda Lelis
Helena foi solta em um igarapé na Reserva Amanã. Foto: Amanda Lelis
Helena foi solta em um igarapé na Reserva Amanã. Foto: Amanda Lelis
O animal é monitorado por todo o procedimento pela equipe de pesquisadores, veterinários e técnicos. Foto: Amanda Lelis
O animal é monitorado por todo o procedimento pela equipe de pesquisadores, veterinários e técnicos. Foto: Amanda Lelis


http://www.oeco.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário